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Para o mau enfermeiro...



Seguindo minha gigante revolta com aprática que tenho visto dos colegas enfermeiros por aí, encontrei um texto incrível  e até um pouco exagerado (mas não sei em que condiçõeso autor escreveu...) que deveria ser endereçado a todos os profissionais de enfermagem que atuam no modelo péssimo padrão. Coloco em amarelo o que tenho vontade de esfregar na cara dessa galera ruim trabalhando por aí!!! Leiam!


"Há uma dimensão dadivosa preservada ao ofício do profissional de enfermagem. Ele deve entender e alcançar a dimensão da vida no que ela tem de mais frágil. É com a fragilidade que ele lida, todo dia. Ele recebe, ele acolhe, ele limpa: ele acalenta. Ele está lá para cuidar: sua única e primeira função. Ele está lá para o outro, jamais para si mesmo. Enfermagem é sempre “para” alguém e nunca “de” alguém. E se o médico pode optar entre o doente e a doença, o enfermeiro não; para este último só há o doente, e não há nada para ser cuidado que não seja o ser humano. E ele melhora o ser humano. Ele que acalenta, melhora o ser humano naquele gesto que recebe, que acolhe e que limpa. Todo cocô, todo vômito, todo sangue; todo dia - tudo isso que sai das vísceras do ser, do corpo onde habita a vida - é recolhido e reconhecido pelo enfermeiro. Reside aí a metáfora mais bela da profissão, a metáfora diária do enfermeiro, que ele vive e sente cotidianamente: ao reconhecer o que é excremento do homem, ele reconhece também o homem, na sua condição mais visceral: ser que sofre. O enfermeiro pode então reconhecer-se em seu paciente: “estou vivo!” e “sinto e sangro e cago”.

Para meditar sobre o que é a vida, não é o filósofo, mas o enfermeiro quem tem as condições mais privilegiadas. E sobre isso faz reserva, pois sabe que também de reservas é cheia a vida.



E o profissional de enfermagem jamais se perde deixando que campainhas soem ou que telefones toquem. Atendendo prontamente, só permite que o silêncio se quebre pelo grito do bebê que nasce - ocasião de vida - ou pelo desespero do enfermo - ocasião de sofrimento; ocasião de morte.



Por entender essa dimensão grave do que é a vida, no que ela tem de mais frágil - por entender que a vida é pouca e ainda resta - é que ele vela. O profissional de enfermagem é aquele que vela. Por isso a enfermagem é o lugar do silêncio. Da prática silenciosa. Porque o silêncio é, em última instância, o respeito para com aqueles que sofrem, para com aqueles que esperam: pacientes.



Exceção feita às emergências de “vida ou morte”, o enfermeiro jamais grita ou fala alto, sobretudo à noite que é quando os doentes - seus doentes - dormem; ansiosos por descanso. Tampouco acende a luz dos quartos, durante as madrugadas, onde repousam os doentes, sem que haja extrema necessidade, pois o bom enfermeiro quer preservar o sono daqueles que vela - seus doentes que dormem - e jamais os acorda desnecessariamente.



Se não é lugar de barulho, a enfermaria também não é lugar de distinção. Não é lugar de orgulhos. Mendigo ou presidente, o enfermeiro cuida. E por não saber, e nem se importar em saber, quais méritos poderiam ter seus pacientes, o enfermeiro então os respeita, pois sua preocupação não está com as patentes, mas com a vida, presente em todos.



O bom enfermeiro é educado, pede licença. Não é ele, o enfermeiro, que precisa de ajuda, mas mesmo assim, ao ajudar, ele pede. Pois é ele quem entra no terreno do outro e, ao fazê-lo, é preciso pedir a licença para aquele a quem se invade. E ao pedi-la, o enfermeiro exercita aquilo que é uma das mais elevadas virtudes humanas: a humildade. Verdadeira humildade, que nada tem a ver com pobreza, mais com uma nobreza altiva, que faz do ser humano ser humano.



Metáforas perdidas, como não banalizar todo aquele vômito, aquele cocô, aquele grito? Jamais é negligente com o paciente, o bom enfermeiro: cagado ele não deixa. Atende prontamente; e, atendo-se ao ser humano, ele evita a fofoca enquanto limpa e a cara feia enquanto fala. Jamais deixa que os pacientes o chamem demasiadamente. Atento ele ouve. E atento ele atende.



E, se já faz de tudo para velar o sono daqueles que dormem, não poupará iguais esforços para melhorar a condição dos que despertam. Minimizar o sofrimento, eis a função não do poeta, mas do enfermeiro.



E se respeita o paciente, respeitará também, deste último, seus acompanhantes e familiares, pois sabe que, com o paciente, estes também sofrem.



Familiarizado com a fragilidade do ser humano, o profissional de enfermagem sabe o privilégio que tem de passar com uma pessoa aqueles que podem ser da vida seus últimos momentos. De acalentar uma pessoa nos dias que, se não os últimos, são, sem sombra de dúvidas, difíceis.



É por isso que há algo de religioso neste ofício, algo de missionário. Próximo à corda bamba entre o que é a vida e o que é a morte, o enfermeiro não dá conta só dos corpos, mas de algo sutil, psicológico. Algo que, sendo crentes, chamaríamos alma. Mas ao enfermeiro não requer religiosidade; crer no divino não precisa. Tampouco necessitará de artifícios do sobrenatural. É com a condição humana que ele lida. E, muito embora haja uma fé - fé embutida no oficio do enfermeiro - sua fé é outra: é fé na vida. Fé na vida, que se manifesta. Missão transformada em ofício.



Enfermagem é profissão de fé."




Autor: Flávio Tonnetti


Comentários

  1. Lindissimo, Tati. Uma pena que muitos hospitais tratem os doentes como mais um que está de passagem (no hospital ou na Terra).
    Uma das coisas que aprendi trabalhando em hospital é ess reconhecimento, empatia. Quando doente, realmente nunca fui tratada como era no HCTI. Me tratavam como minha família, carinho e cuidado de mãe (Marquinhos sabia bem como me mimar). Depois, indo a outros hospitais me senti um lixo, uma cobaia. Isso tudo aí do texto deveria ser passado a tantos outros hospitais, não só públicos.
    Está de parabens!
    bju

    ResponderExcluir
  2. Linda...

    Realmente, uma reflexão e tanto sobre essa profissão de ouro, que deve ser levada muito a sério!

    Aliás... como todas as outras profissões, né? Cada uma tem seu valor e seu merecimento próprios!

    Ser enfermeiro é, como o texto diz, mais do que ser poetaa: é cuidar da alma humana, o tempo todo!

    Lido, entendido e assimilado!

    Beijo enorme!!

    ResponderExcluir
  3. Para o mau enfermeiro... OLHA GOSTEI DE TUDO QUE VC ESCREVE, REALMENTE COMO TEM ....É UMA PENA QUE HOJE A ENFERMAGEM SEJA OCUPADA POR AFILHADOS E APADRINHADOS DENTRO DO TRABALHO.
    SOU ESTUDANTE DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROMOÇÃO DE SAUDE, PELA UFF.

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